2017/12/30

Movimento Ecologista do Vale de Santarém em solidariedade com Arlindo Consolado Marques, activista ambiental alvo de assédio pela CELTEJO

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém repudia o assédio que está a sofrer Arlindo Consolado Marques, destacado activista na luta contra a poluição na bacia do rio Tejo, membro do proTEJO e seu secretário da mesa do Conselho Deliberativo, assédio praticado pela CELTEJO - Empresa de Celulose do Tejo, S.A., pertencente ao Grupo ALTRI, que se queixa de ofensas à sua credibilidade e bom nome, reclamando por isso o pagamento de uma indemnização de 250 mil euros. 

Arlindo Marques, entre muitos outros cidadãos da região, vem denunciado há anos a CELTEJO, pelas práticas que para todos são evidentes, de contaminação do rio Tejo, intervindo no domínio da defesa da preservação da Natureza, acção que de todos os cidadãos é esperada e desejada, para bem do nosso presente e futuro comum. 

Como tem sido largamente apresentado, existem fortes suspeitas de que a CELTEJO e outras indústrias papeleiras são responsáveis pelos graves episódios de poluição no rio Tejo português, que o Arlindo Marques repetidamente tem denunciado. Mas não tem sido somente Arlindo Marques a falar nestes termos: numerosas figuras públicas e também a Agência Portuguesa do Ambiente o têm feito.

Esta acção vergonhosa contra Arlindo Marques é contra todas as organizações e pessoas que, sem qualquer outro interesse que não o da defesa e preservação de UM TEJO VIVO, SEM POLUIÇÃO, ao nível de Portugal e Espanha, se batem para que o Tejo e seus afluentes não continuem a ser usados, como temos visto, como canos de esgoto de diversas indústrias e outras agressões ao longo da bacia hidrográfica, e no qual a indústria da pasta para papel é tida como garantindo uma grande quota-parte dessa nefasta acção, em Portugal.

Os cidadãos que em Espanha e Portugal se preocupam, crescentemente, com o estado de morte a que estão a chegar os rios desta bacia hidrográfica, não defendem o encerramento de tais indústrias, mas sim que, existindo, funcionem com respeito pelas normas ambientais, ou seja, sem destruírem a Natureza, sem poluírem as águas, sem matarem os peixes e tudo em redor.

Não se trata de algo criminoso o que Arlindo Consolado Marques e muitos outros milhares de cidadãos têm defendido publicamente, antes pelo contrário – a defesa da Natureza, a denúncia das situações de poluição dos rios, dos solos e do ar é um direito e um dever de qualquer cidadão, contra a destruição do meio ambiente em que vivemos, e é mesmo um direito constitucional.

Estranhamos, não compreendemos e não aceitamos que as autoridades da Tutela demorem a intervir, como é seu dever, no ataque a esta situação. Não só a Agência Portuguesa para o Ambiente - como outras instâncias do poder com intervenção neste domínio - têm conhecimento concreto da situação, há muito. Inclusive, o próprio Ministro do Ambiente está informado sobre o que se passa. 

A reiterada ausência de medidas, que, em concreto, fecha os olhos à situação de poluição que tem vindo a acontecer, há anos, acaba por autorizar as empresas poluidoras a permanecerem nas suas práticas criminosas, permitindo até, como é agora o caso da CELTEJO, avançar com a acção de assédio sobre um cidadão que tem cumprido, ele sim, como outros, o seu papel consciente e activo de defensor da saúde e equilíbrio ambiental, na região.

Arlindo Consolado Marques é um cidadão exemplar, cuja acção corajosa e altamente meritória se tem centrado nesse objectivo de denunciar a poluição evidente, confirmada, do rio Tejo e não pode, por uma actividade que é valiosa, indispensável e louvável, vir a sofrer a perseguição seja de quem for, devido ao desempenho de cidadania, constitucional, que muito bem exerce e a que tem direito, pela defesa do bem comum da zona ribeirinha do rio Tejo, onde também vive.

Pelo contrário, a CELTEJO, ao fazer de bode expiatório o cidadão Arlindo Marques, ao mesmo tempo que não interpôs acções judiciais contra políticos, deputados e outras figuras públicas que também denunciaram a sua acção poluidora, demonstra ser uma organização sem princípios humanistas e sem honestidade em termos de cidadania empresarial, para com a comunidade onde se insere e para com o País, procurando iludir, na identificação de um só cidadão, a afirmada e continuada denúncia de práticas de poluição que têm sido referenciadas por muitos e diversos actores, a muitos níveis.

O Movimento Ecologista do Vale de Santarém solidariza-se com Arlindo Consolado Marques e, a par com outras organizações e pessoas, compromete-se a tomar todas as diligências possíveis para que não seja condenado por exercer a sua cidadania e para que a acção interposta pela Celtejo seja, antes, uma oportunidade para esclarecer as responsabilidades pela poluição do rio Tejo. 

Estamos contigo, firmemente, companheiro ARLINDO CONSOLADO MARQUES. Enaltecemos o teu valoroso exemplo. Estamos ao teu lado e continuamos a lutar pelas causas que nos são comuns, de defesa da preservação do Tejo e seus afluentes, contra o crime da poluição que, há décadas, e sobretudo nos últimos anos, vem destruindo a vida na nossa bacia hidrográfica, e onde a CELTEJO é referida, sistematicamente, como uma das principais responsáveis.

SOMOS TODOS ARLINDO MARQUES!!!

Pelo Movimento Ecologista do Vale de Santarém

A Coordenação.

30 Dez 2017

2017/12/19

Roundup e Glifosato - um enorme perigo para a saúde pública, que pode provocar o cancro.




"Portugal é o país europeu que mais usa herbicida que pode provocar cancro", segundo foi publicado pela TSF, que diz:


Estudos detetam elevados níveis de glifosato no solo e na urina dos portugueses. Associações ambientalistas e agrícolas pedem posição clara do governo em votação europeia.

No mesmo artigo, que copiamos, diz-se:

Onze associações ambientalistas e agrícolas portuguesas exigem ao governo que se junte esta quinta-feira aos países que vão votar contra a proposta da Comissão Europeia para prolongar por cinco anos a licença de utilização do glifosato, um herbicida classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como provável causador de cancro nos humanos.
O apelo é assinado por organizações como a Quercus, Confederação Nacional da Agricultura ou Liga para a Proteção da Natureza juntas na Plataforma Transgénicos Fora, mas o Ministério da Agricultura, contactado pela TSF, opta por guardar o anúncio da posição portuguesa apenas para o momento da votação, depois de no passado se ter abstido numa votação semelhante.
Se não for alargada, a licença de uso do glifosato na Europa acaba a 15 de dezembro.
Indicadores preocupantes
Entre os vários argumentos apresentados, os ambientalistas dizem que Portugal é o país europeu onde mais se usa o glifosato e apresentam um estudo acabado de publicar por uma equipa internacional de investigadores na revista académica "Science of the Total Environment" que encontrou níveis elevadíssimos de glifosato nas amostras recolhidas em solos agrícolas portugueses, nomeadamente em vinhas da zona Centro na Bairrada.
A TSF falou com uma das portuguesas envolvidas neste estudo, Vera Silva, investigadora na universidade holandesa Wageningen, que confirma que os resultados das 17 amostras recolhidas em solo nacional são um indicador preocupante: 53% tinham o herbicida, muito mais que o segundo país mais contaminado (30% em França), tendo também as maiores quantidades de glifosato no solo

Apesar de não representar o todo dos solos portugueses, Vera Silva argumenta que estes dados nacionais, nunca antes avaliados, são um indicador do que pode estar a acontecer noutras zonas do país, numa opinião partilhada pelas 11 associações da Plataforma Transgénicos Fora.
Glifosato na urina
Em nome da Plataforma Transgénicos Fora, a ambientalista Margarida Silva lamenta a falta de estudos oficiais do Estado sobre o glifosato em Portugal e defende que os dados do trabalho recente sobre os solos "estão alinhados com os valores conhecidos de contaminação humana", sublinhando que em 2016 um levantamento que fizeram mostrou níveis inesperadamente elevados deste herbicida na urina de todos os voluntários testados, com os portugueses a apresentaram, em média, vinte vezes mais glifosato que os alemães.
As associações defendem que "enquanto o Ministério da Agricultura não souber explicar como é que Portugal ficou tão contaminado por glifosato e não implementar medidas que reduzam drasticamente este problema, é impensável permitir que a utilização generalizada na agricultura, nas ruas e até para fins domésticos possa continuar", recordando que a OMS já provou que o glifosato causa cancro em animais de laboratório.
Recorde-se que, apesar da posição destas associações ambientalistas e agrícolas, o uso de glifosato está proibido em locais públicos desde o início do ano em Portugal, numa medida promovida pelo atual governo.
Entretanto, na RTP 1, em 18 Dez. 2017, passou um programa sobre o ROUNDUP. Um programa que muito diz acerca da utilização deste herbicida em várias regiões do Mundo, e das trágicas consequências da sua utilização.
Infelizmente, pela UNIÃO EUROPEIA, foi aprovada, em Novembro de 2017por mais cinco anos,  a licença de uso do ROUNDUP no espaço comunitário. 
Associações ambientalistas querem agora levar a cabo acções legais contra as entidades envolvidas, nomeadamente contra a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o Instituto Federal Alemão para a Avaliação de Riscos (BfR).
A organização austríaca Global 2000 e a Rede de Acção contra os Pesticidas (PAN, na sigla em inglês), de cariz internacional, disseram que há reclamações legais em Viena e Berlim e que vão seguir-se processos legais em França e Itália. Não é claro quanto tempo demorará para que os processos tenham seguimento, em particular porque um dos órgãos em causa é pan-europeu e o outro é nacional, o que significa que poderão passar por diferentes tribunais.
Uma coisa é certa: as consequências drásticas do ROUNDUP estão provadas. Cabe aos cidadãos e aos seus governantes lutar contra esta terrível situação.
A Coordenação do Movimento Ecologista do Vale de Santarém